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Florestas urbanas em Aracaju: você conhece?

Saber Ciência / Rosemeri Melo e Souza e Judson Augusto Oliveira Malta - 08/06/2010




As formas de utilização das florestas urbanas em Aracaju são contraditórias e desiguais, reflexos da relação entre o homem e o meio natural na sociedade do consumo, na qual o homem desvaloriza a sua condição de existência, enquanto dependente dos recursos da natureza, buscando o lucro imediatista, e nega, assim, a sua própria qualidade de vida no meio ambiente urbano. Neste sentido, buscar integrar os remanescentes arbóreos ao planejamento urbano é promover a qualidade de vida em Aracaju, quando se observa a contribuição do verde no meio ambiente urbano.
As florestas urbanas desempenham funções sociais importantes que demonstram a importância e os benefícios das árvores na cidade como a diminuição da poluição através da purificação do ar e fixação de poeira. Além disso, a vegetação na cidade é responsável pelo equilíbrio solo-clima-vegetação, uma vez que a vegetação, ao filtrar a radiação do sol, diminui as temperaturas extremas.
As arvores ajudam no controle de erosão e do desabamento de encostas, pois interceptam a precipitação, amenizam seu impacto no solo e estimulam a infiltração da água. Portanto, as arvores na cidade são importantes na estabilização de superfícies evitando deslizamentos em áreas de risco. As florestas urbanas funcionam como uma barreira acústica amenizando e desviando os ruídos provocados por trafego, indústrias, construções entre outros.
A vegetação urbana proporciona também benefícios sociais, agindo como fator de equilíbrio psicológico. A natureza tem importância especial na melhoria da qualidade de vida das pessoas por constituir-se um elemento de interação entre as atividades humanas (lazer, contemplativa, física ou espiritual) e o meio ambiente. Há também influência estética, pela quebra da monotonia da paisagem das cidades, causada pelas edificações e poluição visual.
É importante ressaltar que a cidade de Aracaju cresceu a partir da degradação de ecossistemas frágeis através de desmatamentos, aterros e canalização de riachos. Os quais ainda hoje os mesmos são utilizados, tanto para o escoamento das águas pluviais como para o escoamento dos dejetos sanitários, o que compromete a dinâmica dos recursos hídricos.
Aracaju é a cidade das águas e dos aterros, pois sua construção acarretou grandes impactos ambientais decorrentes da fragilidade de suas condições naturais anteriores (mangues, dunas, lagoas e restingas). Neste sentido, Aracaju é uma cidade sujeita a grandes problemas ambientais como a poluição dos cursos hídricos, enchentes devido à impermeabilização do solo, às ilhas de calor, etc. Observa-se que a expansão urbana na capital sergipana e no Brasil se configuram processos históricos representativos do desrespeito da questão ambiental face à conservação das características peculiares ao ambiente litorâneo.
Nós realizamos uma pesquisa sobre dois remanescentes de florestas urbanas, a fim de avaliar indicadores ambientais como temperatura, umidade, luminosidade, presença de oferendas, lixo, etc., para produzir um perfil da estrutura da vegetação destas florestas urbanas, seu estado de regeneração natural, apontando as principais formas de uso e degradação ao redor do Campus da UFS de São Cristóvão, zona de grande adensamento demográfico sob influência direta de Aracaju.
No presente estudo, concluiu-se que a maneira como são utilizadas as florestas urbanas reflete a relação entre o homem e o meio natural na sociedade do consumo, na qual o homem desvaloriza a sua condição de existência, enquanto dependente dos recursos da natureza, buscando o lucro.
Ao privilegiar a funcionalidade econômica apenas derrubando os remanescentes florestais sem pensar em integrá-los ao plano urbanístico das cidades, compromete-se a qualidade ambiental atual e futura. Além de provocar uma perda inevitável de paisagens e de ambiências contribuintes à manutenção dos serviços ambientais urbanos que podem impedir, no médio prazo, problemas ambientais comuns nas cidades, como inundações, desconforto térmico e redução da qualidade do ar, entre outros.


Currículo
Rosemeri Melo e Souza - Professora do Departamento de Geografia, do Núcleo de Pós-Graduação em Geografia e do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente. Líder de Pesquisa do Geoplan/CNPq/UFS.
Judson Augusto Oliveira Malta - Mestrando em Geografia pela Universidade Federal de Sergipe, membro pesquisador do Geoplan.